A Cocada
A cortina desce no palco da vida
No asfalto gelado surge o inesperado
A encenação traz o personagem central
A mulher de saia de algodão e chapéu branco.
__Olha a cocada!
__Quem vai querer?
Na platéia, a ventania é o público principal
Observa o desenrolar da dramaturgia
As cadeiras em silêncio permanecem
Na coxia a solidão faz companhia à noite.
__Olha a cocada!
__Quem vai querer?
As máscaras no palco estalam atuando
A mulher vai cantando na rua comprida
Gira nas mãos a forma que a lua ilumina
Solta o personagem notas da música
A mensagem que vibra encantando o espaço...
__Olha a cocada!
__Quem vai querer?
As casas sentem o pulsar da ventania
Leva mulher o drama deste trabalho
Levanta a bandeja reluz a cocada
Mostra alma clara de luz à porta que abrir
Agradece sorrindo para o não ou para o sim...
__Olha a cocada!
__Quem vai querer?
Os pés pesados soam no asfalto do palco
O avental branco brilha em cima da saia
O sorriso é reflexo dos cristais de açúcar.
___Olha a cocada!
___Quem vai querer?
Tempo de prosa alegre no meio das vendas
Vai traçando os laços corrente da vida
A rua vai marcando suas idas e vindas
Na pele vincada das lutas em rugas.
__Olha a cocada!
__Quem vai querer?
Desce a cortina quem aplaude é a ventania
Na noite azul some na esquina a melodia.
__Olha a cocada!
__Quem vai querer?
Voa a solidão em velhice desprotegida
No final vazio da encenação falida...
__Olha a cocada!
__Ninguém vai querer?
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®